Friday, November 25, 2005

o homem e seus pronomes


Sua certeza era bem clara no momento, descer aquelas escadas era como atravessar o deserto do Saara a pé. Longo, quente e ansioso, e o inverno era forte lá fora mas o frio definitivamente não era importante, na verdade, era o que menos importava no momento.

No final de seu deserto imaginário, estava ela, ela que ele sabia que era o pronome “ela” em sua real definição, com cheiro, gosto, cor, o verdadeiro pronome. Esse pronome que sempre o fascinou, os pronomes em geral sempre o fascinaram. Ele, ela, você, tu, nós, que perfeita combinação de nomes para pessoas que realmente não se conhece, que ninguém conhece.

Definitivamente, por algum motivo, esse pronome “ela”, ele conhecia. Conhecia tanto quanto ele conhecia a si mesmo, dentro do possível, porque nem ele se conhecia. Ninguém se conhece de verdade. Ela sim, ele conhecia e sabia. E ela conhecia ele, mas não sabia.

Ao chegar em seu destino, a chuva havia parado, como mágica. O guarda-chuva não seria útil nesta devida ocasião mas poderia contar com ele a qualquer momento. Porem havia algo de errado, que ele não podia acreditar. Ela já não estava mais lá. Será que demorei muito para descer? Pensou. Para aonde ela foi? Será que peguei o caminho certo? Nunca se sabe qual o caminho certo, normalmente se pega sempre o caminho errado. E sabendo disto, ele sabia que teria que mudar seu caminho novamente e encontra-la, não era uma tarefa fácil mas estava disposto a enfrenta-la.

Ela havia fugido novamente, sem perceber, ela não fazia de propósito, fazia porque era seu destino.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

“- De onde vc vem??
– Perguntou a Rainha vermelha. –
E para onde vai?
Levante a cabeça, fale direito,
e não fique mexendo os dedos o tempo todo.

Ela observbou a todas essas instruções e explicou ,
o melhor que podia , que tinha perdido seu caminho.

- Não sei o que você quer dizer com seu caminho
– observou a rainha. –
Todos os caminhos aqui são meus.
Mas, como é que você chegou aqui afinal?
– acrescentou num tom mais delicado.
– Faça uma reverência enquanto pensa na resposta.
Isso economiza tempo...”

12:30 PM  
Anonymous Anonymous said...

não sabia que escrevias tão bem...não para nunca Clara os textos são óxidos!!

5:57 AM  

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