sombra...

Só pelo cheiro, gesto e olhar, ela o entendia. Sua maneira de tocá-la, olhá-la, de simplesmente sorrir. Ela sabia de cor, como sempre soube quando o encontrou.

O momento não seria mais propício, os dois, por fim, estavam solteiros. Ela tinha em seus olhos a beleza de uma adolescente quando ganha seu primeiro beijo no pátio da escola e ele tinha em seus braços a segurança de um homem adulto e vivido que esperava como um menino o exato momento de ser amado. Ela fitava-o de uma maneira clara, sentia confiança, não tinha mais medo. Ele, mesmo que imerso em seus pensamentos, demonstrava o prazer que aquela companhia lhe proporcionava. Ele admirava cada gesto ou expressão dela, e ela agradecia com um sorriso no rosto ou um toque suave em seu corpo. E como em uma valsa, os dois ficaram se olhando, se admirando e se conhecendo. Ela, receosa, e ele, tímido.

Mas como em qualquer dança, a orquestra parou de tocar. Ele se foi. E ela, espera que algum dia, volte a bailar novamente, mas que da próxima vez seja para o resto da vida.