Monday, April 10, 2006

inferno social

Nossa, meu inferno astral começou mais cedo este ano. Estou me sentindo em baixa. Alguns pensamentos rodam a minha cabeça e outros tantos acontecimentos me fazem tão mal fisicamente; que fiquei doente por provável stress, estive literalmente no meio de um tiroteio após uma noite fantástica de música e fui violentamente humilhada em plena Figueiredo Magalhães às 08h30min da manhã por causa de um colar que definitivamente significava mais pra mim do que para quem o roubou.

To revendo minha vida, minha existência e meus valores. Sempre os tive muito certo dentro de mim. Estudei num colégio que sempre me incentivou a lutar pelo que eu acreditava ser correto, valores. Meus pais sempre guerreiros e um irmão que sempre esteve à frente de movimentos estudantis, idéias, sindicatos, presente numa voz comum ou incomum. Hoje ele seria raro e solitário, vivendo numa sociedade em que o melhor mundo é aquele que faz parte somente do nosso maravilhoso umbigo. Ele está num lugar melhor do que nós.

Sinto-me desprotegida, despreparada e como uma vontade enorme de gritar, sumir, desistir. Lutar para que, porque e para quem? Ser inteligente, ganhar sua recompensa, viver do que gosta ou pelo menos tentar, ser ética, ter caráter, amigos e amigas, tentar ter qualidade vida, ser vaidosa, intelectual, gostar de música, dança, cinema. Para que? Para quem? Se o mundo é dos ignorantes, sem sal, burros, hipócritas, chatos, malandros, sem cultura, imprestaveis, infelizes, mesquinhos, perdidos na vida e das mulheres chatas.

Não me encaixo aqui, não me vejo aqui, não encontrei meu lugar. Não me vejo num mundo onde as pessoas aceitam a violência, a hipocrisia, e não sabem reconhecer seus valores. Desperdiçam a chance de serem felizes porque precisam de milhões de desafios ou porque simplesmente enjoaram de batalhar por um relacionamento estável, um emprego melhor ou até mesmo um pais diferente, mais justo e menos violento.

Viva o comodismo, adeus à batalha!

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Às vezes, me acho mais inocente do que Alice. Ainda busco meu País das Maravilhas. Ainda acredito nas pessoas, ainda que, muitas vezes, o mundo me mostre que não deveria.

Muita gente abaixaria a cabeça ao passar pela fase que estou passando. Mas, eu não! Eu sei que sou guerreira e acho que é por isso que não perco a esperança mesmo qdo levo uma pancada.

Apesar de ouvir muita gente me elogiando, me jogando pra cima, tento tirar o exagero de tudo e filtrar o que realmente importa. E o que importa? TENHO AMIGOS. Mais do que isso: sou amada por eles! E esse é o meu maior tesouro!

"Pra quem rodou tanta estrada, perder uma vez não atrapalha nada": e não perdi! Só ganhei.

Minha vida deu uma volta de um ano e voltei para o mesmo ponto onde estava antes: no mesmo ponto onde tinha que decidir o que fazer da minha vida profissional. Estou entendendo que o raio caiu duas vezes no mesmo lugar e estou tendo a mesma oportunidade de escolha! Como tenho sorte: vivi uma história de amor intensamente e, agora, posso voltar ao ponto onde estava antes de tudo. Nova chance.

Muitas vezes, tb acho que não pertenço a lugar nenhum...

Ouvi de um cara que sou mulher pra casar e quem estava ao meu lado tinha muita sorte... Pra quê? Ainda não descobri e nem sei se ainda quero descobrir...

Mas, conversando com uma pessoa especial, aprendi que é assim mesmo quando se chega perto dos 30 anos e vc se dá conta disso...

É o retorno de Saturno, diria outra amiga minha...

Você tem estrela e brilho, disse outra.

A conclusão que cheguei: sou realmente Alice. E ainda acho que existem pessoas boas e com conteúdo nesse mundo. São raras sim, mas isso as torna especiais.

Uma delas me disse que essa música teria sido feita pensando em mim. Acho que em você também, Clarinha:

"Ela não é o tipo de mulher que se entrega na primeira,
Mas melhora na segunda e o paraíso é na terceira.
Ela tem força, ela tem sensibilidade, ela é guerreira.
Ela é uma deusa, ela é mulher de verdade.
Ela é daquelas que tu gosta na primeira,
Se apaixona na segunda e perde a linha na terceira.
Ela é discreta e cultua bons livros.
E ama os animais, tá ligado eu sou o bicho!"

E isso me mantém caminhando sempre em frente.

Te amo, amiga!

6:37 PM  
Anonymous Anonymous said...

Clarinha... Vc só sai desse inferno se quiser. Levanta a cabeça e segue em frente. Podemos fazer a diferença nas pequenas coisas. Se não temos companhia pra um movimento maior, vamos nos contentando com as pequenas mudanças que podemos fazer no nosso dia-a-dia. E não estou falando de dar esmolas no sinal ou levar um morador de rua para almoçar. Estou falando, entre outras coisas, de não dar dinheiro pro policial que te para na blitz, de não fazer gato da NET, de não ser complacente com a corrupção, pq essa começa de baixo. Nós que somos exemplos pros que estão lá em cima e não o contrário.

Vamos tentar viver uma vida digna, mesmo com tudo nos dizendo que da outra maneira é mais fácil. Otário é aquele que é malandro.

Beijos

9:42 AM  

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